A responsabilidade do PSD perante a crise política
- Fernando Santos
- 11 de mar.
- 4 min de leitura
Há momentos na história que exigem clareza, coragem e sentido de Estado. Hoje enfrentamos uma crise que põe à prova a confiança dos portugueses nas instituições e nos partidos.
As últimas semanas foram marcadas pela degradação do debate público, refém de polémicas, enquanto os problemas reais do país foram colocados em segundo plano. A erosão da credibilidade política abre caminho ao populismo e ao descrédito institucional, e o país não pode perder tempo em disputas estéreis enquanto o país precisa de soluções.
O que distingue o PSD não é a oposição ao PS, antes a capacidade de governar com responsabilidade e visão estratégica.

Poderíamos discutir qual dos partidos tem maior paternidade na criação desta espiral tacticista. Contudo, esse exercício seria demasiado frágil para nos ajudar a perceber a situação em todas as suas dimensões. Sejamos pragmáticos: nesta crise política, todos os partidos carregam a sua quota-parte de responsabilidade e deviam pedir desculpa ao povo português. Sim, inclusivamente o PSD.
A polémica em torno da empresa familiar do Primeiro-Ministro revelou fragilidades que deviam ter sido prevenidas. A questão não está na legalidade da sua atividade empresarial, antes na forma como a situação foi gerida. Num país onde a confiança nas instituições está em declínio, a transparência não pode ser um mero detalhe, tem de ser a regra.
Luís Montenegro não deve desculpar-se por ter uma empresa familiar. Deve reconhecer (e em parte já o fez) que, perante um clima de suspeição generalizada, cabia-lhe antecipar a exploração política do tema e esclarecer tudo desde o primeiro momento. A confiança constrói-se na clareza e na antecipação, não com reação tardia aos acontecimentos.
Que não se pense, contudo, que este é um desafio individual do Primeiro-Ministro. Num contexto de crescente desconfiança na classe política, os acontecimentos recentes vieram adensar uma perceção preocupante: que os partidos parecem estar a afastar-se das reais preocupações dos portugueses. É neste distanciamento que crescem os sentimentos de descrença e frustração, e onde prosperam os extremismos e as promessas vãs.
O debate político não pode centrar-se na exploração de casos mesquinhos, antes nos desafios da governação e na necessidade urgente de restaurar a confiança nas instituições. Foi isso que o XXIV Governo Constitucional, ao longo destes 11 meses, nos mostrou: é possível concretizar políticas essenciais para o país, sendo, ao mesmo tempo, um pilar de compromisso e de estabilidade.
Eis algumas dessas medidas:
1. Valorização do trabalho e diálogo social: Acordo de Concertação Social que garantiu aumentos salariais para os funcionários públicos (2,15% a 6,9%); reforço do poder de compra dos trabalhadores, incluindo a redução da carga fiscal (IRS) e o aumento do Salário Mínimo Nacional para 925 euros.
2. Reforço das forças de segurança: aumento salarial e progressões nas carreiras da PSP e da GNR, e um investimento de 20 milhões de euros em novos equipamentos.
3. Fortalecimento do SNS: aumento salarial e valorização das carreiras para médicos e enfermeiros, evitando a fuga de profissionais para o estrangeiro. Aumento do número de médicos de família para cobrir mais utentes e reduzir tempos de espera.
4. Redução da carga fiscal: alargamento do IRS Jovem, e Redução do IRC para estimular o investimento empresarial e tornar Portugal mais competitivo.
5. Aprovação do novo aeroporto de Lisboa em Alcochete: decisão histórica, garantindo maior capacidade aeroportuária e impulsionando o turismo e a economia.
6. Investimento na habitação: além das 26.000 casas inicialmente previstas, o Governo foi mais além e implementou medidas de forma a concretizar as 59.000 necessidades habitacionais que concorreram ao Aviso do Programa de Habitação do PRR.
7. Apoio aos pensionistas: aumento das pensões em 3,9%, acima da inflação prevista para 2025 (2,3%), garantindo maior poder de compra aos mais vulneráveis e um reforço da justiça social.
Não são apenas números: são decisões concretas que impactam a vida dos portugueses. São a prova de que o PSD não governa para os títulos de jornal nem para os ciclos eleitorais, mas para o desenvolvimento do país e para a melhoria da qualidade de vida de todos os portugueses.
Como tal, perante o cenário de crise política criada pela oposição, o PSD decidiu assumir uma postura de responsabilidade e transparência, apresentando uma moção de confiança para clarificar a sua posição e evitar que o país fique refém de jogos partidários. Esta moção não é um gesto simbólico, é um ato de seriedade!
A escolha em maio é clara: PSD ou Instabilidade!
Estas eleições representam uma escolha crucial para Portugal: enquanto a esquerda se fragmenta entre a indefinição estratégica e a falta de rumo, e a extrema-direita capitaliza no descontentamento sem apresentar soluções consistentes, o PSD reafirma-se como a única alternativa séria, estável e com uma equipa e um projeto sólido para o país.
Um projeto que alia crescimento económico à valorização do trabalho, modernização dos serviços públicos a um Estado social forte e olha para a iniciativa privada como fonte de liberdade e uma ferramenta de alavancagem da igualdade de oportunidades. É nisto que o PSD acredita, é este o seu ADN: um Estado onde o investimento público e privado se complementam; que é um regulador eficiente, não um entrave ao desenvolvimento; um Estado onde a criação de riqueza anda de mãos dadas com a justiça social e que coloca os portugueses no centro da sua ação. Em poucas palavras, um Estado onde ninguém fica para trás!
É esta a grande responsabilidade do PSD: ser a alternativa que o país precisa, e continuar a trabalhar para transformar Portugal.
Fernando Santos
Politólogo/Economista
Presidente do SICOS (Sindicato Independente do Comércio e Serviços)
Conselheiro Nacional dos TSD (Trabalhadores Social Democratas)
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